DISCOPATIA, HÉRNIA DE DISCO, CONDRODISTROFIA, A CHANCE DOS CÃES TEREM ESSAS DOENÇAS PODE SER ATÉ 43X MAIOR QUE O SER HUMANO! INFORME-SE! PREVENÇÃO E TRATAMENTO SÃO VITAIS!
Para começar, vamos esclarecer por que essa matéria é sobre doenças de disco em cães e não em gatos. Donos de gatos são ciumentos – e não é a toa! Mas nesse caso é porque a incidência dessas disfunções em gatos é muito baixa, afetando menos de 0,012% da população. Se compararmos com certas raças e grupos caninos, que chega a 62% da população… ! Por isso essa matéria é destinada a eles.
Na foto de capa aparece o Petit, um dos nossos mascotes, que tem doença de disco lombar, tóxico e cervical. 🙁 Mas vive bem há 6 anos na condição de cadeirante. Veja a história desse guerreiro.
UM POUCO SOBRE A COLUNA E O QUE SÃO AS DOENÇAS DE DISCO…
A coluna vertebral é um conjunto de ossos chamados vértebras. As vértebras são classificadas em cervicais, torácicas, lombares e sacrais e em números, de acordo com a imagem.
Por dentro das vértebras passa um órgão do sistema nervoso, responsável por mandar informações de movimento e sensibilidade do cérebro para os membros e vice-versa: a medula espinhal.
Entre uma vértebra e outra há como se fosse uma esponja de cartilagem, o disco intervertebral, que serve para proteger as vértebras e a medula do atrito causado pela movimentação do corpo. A doença do disco vertebral se dá pela degeneração do disco, com o deslocamento dele (a hérnia) ou não. As consequências disso é a lesão na medula e, com isso sintomas como: dor, formigamento, paralisia, paraplegia, tetraplegia e até mesmo ao óbito.
O QUE CAUSA E RAÇAS MAIS AFETADAS
Não se sabe a causa das doenças de disco. As causas vão desde traumas, infecções, má postura, enfraquecimento muscular mas, o fator principal apontado é genética! Ou seja, raças são mais pré-dispostas a terem doenças de disco. Os dachshound, o famoso salsicha (como o Petit, da foto de capa), tem cerca de 13x mais chances de desenvolver essa disfunção, quando comparado com as demais raças. Isso se deve a anatomia da coluna dessa raça, que qualquer alteração do disco já apresenta sintomatologia. Além deles, pode-se citar o pequinês (10x mais chance), beagle (5x mais chance) e cocker spaniel (2x mais chance). Mas a doença pode afetar qualquer raça!
SINTOMAS
Os sintomas variam se a crise for aguda ou crônica. Na maioria dos casos, quase 80% deles a sintomatologia é aguda. Ou seja, seu cachorro está muito bem e do nada fica mais apático e pára de ter movimentos das patas de trás. Foi assim com Petit na hérnia lombar, há 7 anos atrás. E foi do nada também que Petit ficou tetraplégico, por uma hérnia cervical (tratada com cirurgia), há 3 anos atras.
A sintomatologia varia muito também de acordo com a área da coluna afetada. Então vamos começar por baixo… as lombossacrais, que afetam da L4-S3 (relembre a imagem e nomes das vértebras no começo da matéria!). As hérnias nessas áreas podem causar dor, paralisia, perda do controle de fezes e urina, ânus flácido, reclamar na movimentação. A seguir uma imagem de uma postura comum de hérnia L7-S1.
As hérnias toracolomabares acontecem entre a T3 e a L3, podendo causar dor mais intensa, postura arqueada de cifose, paraplegia, perda de sensibilidade nos membros inferiores, não controle ao urinar e defecar.
Para esses tipos de hérnia há classificação em 5 níveis ou graus. O grau 1 há ligeira dor local mas se locomovem, apenas ficam relutantes para subir escadas ou movimentos mais bruscos. Grau 2 já há certa paralisia e dor aumentada. Grau 3 o animal não sustenta membros inferiores, pouco se locomove. Grau 4, adiciona-se à falta de resposta voluntária nos membros inferiores. Grau 5, o pior, além de todos os sintomas citados, o animal não tem dor profunda nas patas (ou seja, não sente as patas).
Contudo, se seu animal foi diagnosticado com grau 5, não se assuste!!!! Pode se recuperar!!!!!! Ouvir “grau 5, o pior de todos” do médico parece uma sentença de morte – dizemos por experiência própria – não é!
As hérnias cervicais são as mais graves e dolorosas. As dores são muito intensas e o animal não se locomove, não necessariamente por tetraplegia (que pode ocorrer) mas por dor e rigidez no pescoço e membros. Além de todos os sintomas citados em todas as outras hérnias, as cervicais soma-se a dor muito intensa, a possibilidade de tetraplegia e morte. Além disso, pode haver não resposta do globo ocular à estímulos e respiração dificultada.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico se dá por exame clínico, neurológico (com um neurologista ou ortopedista) e radiografia, ou exames mais modernos e caros como a tomografia. O tratamento será prescrito de acordo com o local da hérnia e o grau de lesão e resposta neurológica. Não aceite uma opinião só! Procure especialistas! E rápido! Em termos de lesão na coluna, as primeiras 48 horas determinam o êxito de uma possível cirurgia. Não perca tempo!
TRATAMENTO
O tratamento irá variar, como dito, com o estado do animal e as condições financeiras do tutor, claro. Há dois tipos de tratamento basicamento: o clínico (tradicional) ou cirúrgico.
No tratamento convencional, clínico, faz-se o uso de medicamentos anti-inflamatórios e outros e confinamento temporário. Não se exclui com isso a possibilidade de uma cirurgia. As vezes é a unica chance do animal ter uma qualidade de vida, mesmo que paralítico.
Se não for caso cirúrgico, há tratamentos alternativos como fisioterapia e acupuntura, como Petit mostra modelando na imagem. Esses tratamentos também servem como preventivos para raças com pré-disposição!
A intervenção cirúrgica pode ser feita para diminuir dor ou mesmo recuperar movimentos. Petit, por exemplo, não fez cirurgia da hérnia lombar, pois na época não julgaram necessário. Mas fez cirurgia para a recente hérnia cervical, pois gerava muita dor e rigidez muscular, e paralisia. Petit teve muito êxito na cirurgia, mas perdeu parte do equilíbrio que tinha quando andava de quatro patas. Agora anda em 4 patas com muito mais dificuldade. Mas as dores estão controladas, é um cachorro alegre, ativo e feliz. Mesmo com a condição dele.
Aqui na página há vários relatos de sucesso, além do Petit, de cães que superaram a hérnia e voltaram – ou não – a andar. E mesmo os que não voltam a andar, são animais felizes e ativos. Hérnia e paralisia não são motivos para eutanásia! Petit foi resgatado da mesa do veterinário quando ia ser eutanasiado, na primeira hérnia, quando tinha 6 anos. Hoje ele tem quase 12 anos e vive bem!